Lovelace

Em 1972 um filme revolucionaria a industria dos filmes pornográficos americano, o nome do filme é Garganta Profunda (Deep Throat). Dirigido por Gerard Damiano. Com a insólita narrativa de uma garota que nasceu com um defeito e que ao procurar um médico descobre que possui o clitoris na garganta.

É preciso compreender que na época em que o filme foi lançado, determinadas modalidades de sexo oral ou mesmo o sexo anal, ainda eram muito pouco vistos na industria pornográfica e a narrativa por mais bizarra que seja, foi construída para justificar as cenas. Agora fora da industria pornô não posso afirmar. (risos)

Recentemente em meio a um rebuliço desnecessário, mas infelizmente em tempos de um politicamente correto excessivo, foi lançado o filme “Lovelace”, referente ao nome da atriz que interpreta a personagem com o clitoris na garganta do filme de 1972, Linda Lovelace. O filme passou por processos de tentativa de proibição de sua exibição e todo aquele falso moralismo que os americanos adoram.

A primeira coisa interessante do filme é o design de produção, muito bem feito a reprodução da época, figurino, as locações, os carros e a caracterização dos personagens.

A segunda coisa são as atuações, que contam com Amanda Seyfried (Linda Lovelace), Peter Sarsgaard (Chuck), Adam Brody (Harry Reems), além de Sharon Stone como a mãe de Linda, Robert Patrick como o pai, June Temple como uma amiga e James Franco como Hugh Hefner (para quem não sabe, dono da Playboy). Todos os atores estão muito bem nos papeis, com representações seguras e que realmente convencem nos papeis. Adam Brody, consegue emular perfeitamente os trejeitos do doutor Harry Reems do Garganta Profunda, soando totalmente caricato. Perter Sarsgaard convence como o marido que vai do amoroso ao violento e descontrolado, Amanda Seyfried segura bem a inexpressividade da Linda original como atriz.

É interessante a forma como o filme é montado, dividindo bem a vida da personagem, de um momento onde tudo parecia perfeito para em seguida apresentar uma vida em total caos. E é exatamente isso que o filme quer nos mostrar, a vida de Linda Lovelace.

Quando eu vi o filme original, uma coisa que me chamou a atenção durante toda a projeção. Precisamente a expressão de total desinteresse e descaso que a atriz (Lovelace) passa nas filmagens, na época não fazia ideia do que pudesse ser, acreditei ser realmente que fosse por incapacidade de atuação, porém, recentemente ao ver o filme “Lovelace”, compreendi esse enigma de anos.

Linda Lovelace passou maus bocados com o seu marido Chuck, um viciado em drogas, que a agredia, que a vendia como prostituta e que a agenciava em seus filmes, além de controlar o seu dinheiro, ou seja, ela dava duro (obviamente aqui no mal sentido, risos) e ele curtia com a grana.

Sem me delongar muito, Lovelace é um filme interessante, bem construído em termos de roteiro e direção, comovente e divertido, além de homenagear um filme que é considerado um clássico absoluto da cinematografia pornográfica. (risos)

O filme é de 2013 e foi dirigido por Rob Epstein e Jeffrey Friedman.

Detalhe que hoje Linda Lovelace é uma ativista contra o abuso as mulheres tanto na industria pornô como fora dela e com razão diga-se de passagem.

Muitos devem estar se perguntando se é um filme com cenas de sexo ou ofensivo. Não, não é. O filme tem lógico a insinuação mas é centrado mais na vida pessoal da atriz, todos podem assistir tranquilos, homem ou mulher.

Igor Couto Bersan